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Dicas de fotografia de viagem – Composição

Indíce do Artigo

I – Composição de fotografia

Quando exercia advocacia tinha um cliente que era assim uma espécie de Raymond Reddington em ponto pequenino. Portugal é um país pequenino portanto só dá para ter um Red pequenino 😀

Para quem não está familiarizado com a personagem aconselho vivamente a assistirem à serie “the blacklist” e à brilhante interpretação de James Spader.

Perante o meu espanto com a quantidade de vezes que se safava das tropelias, vá, crimes, que cometia, o Red pequenino costumava dizer-me: para contornar a lei bem é preciso conhecer a lei como ninguém.

E o que é que isto tem a ver com fotografia? As regras de composição de fotografia de que vou falar, e que não são mais do que a forma como os diferentes elementos da fotografia combinam entre si para formar a imagem final, são efetivamente a base de tudo, particularmente quando se começa.

Mas se as seguirem religiosamente, sem mais, em pouco tempo as fotos começam a tornar-se repetitivas, previsíveis e aborrecidas. É preciso conhecer e dominar as regras para conseguir aqui e ali quebrá-las.

1 – A famosa regra dos terços: é a regra mais conhecida e a mais fácil de implementar.

Basicamente trata-se de dividir a imagem em três partes iguais horizontais e verticais formando assim nove quadrados. Ao colocar o objeto/modelo da fotografia numa das quatro interseções isso irá forçar o observador a não se focar no centro da fotografia mas a que o seu olhar circule ao longo da foto.

Leva também a que se crie “espaço negativo”, necessário para destacar o objeto principal da fotografia e para criar um espaço para aliviar, respirar, balancear o peso da foto. Isto está a ficar um pouco abstrato por isso aqui vai um exemplo:

Pode ser usado qualquer um dos “terços” ou quadrados

Como é que costumo quebrar esta regra?  Gosto de colocar o elemento humano, o modelo, no centro da foto. Assim como se fosse um pedestal, um troféu.

Aqui pareço literalmente um troféu

2 – Equilibrar a foto: ao usar a regra dos terços é muito provável que se crie um espaço vazio na foto.

Este espaço, o tal “espaço negativo”, fica muitas vezes bem. Mas por vezes cansa e pode ser necessário compensar, no momento em que a fotografia é tirada ou posteriormente, para balancear a foto.

Esta foto sem a lua a compensar o espaço vazio ficaria bastante desiquiibrada

Como é que costumo quebrar esta regra: esta não a quebro muito. Há um lado TOC em mim que me faz gostar muito do equilíbrio e harmonia.

3 – Criar linhas na fotografia: ora bem, os nossos olhos, por natureza, seguem as linhas.

Estas linhas podem ser reais, como por exemplo as linhas de uma cerca, os fios de um poste ou as linhas de um edifício, ou podem ser metafóricas, como um dedo a apontar ou uma sombra, por exemplo. Existem desde logo as linhas principais que são aquelas que conduzem o olhar do observador para o que consideramos ser o elemento principal, o ponto chave da imagem.

Existem ainda as linhas horizontais, que transmitem calma, estabilidade e equilíbrio. E as linhas verticais, que transmitem grandiosidade, impacto, altura. E as geométricas, provavelmente as mais desafiantes e as que mais me agradam… As linhas são também fulcrais para recriar a realidade, que terá de ser em 3D numa foto que está em 2D. Com as linhas consegue-se criar a tão desejada sensação de profundidade, como se estivesse a 3D. Há pouca coisa mais aborrecida do que uma foto flat e daí as linhas.

A “linha” que separa os dois tipos de flores ajuda a que o olhar se centre no chapéu
Uma estrada, a linha mais clássica de todas.

4 – A regra dos números ímpares: Já repararam que que em regra os objetos ou pessoas numa fota resultam melhor em números ímpares.

Ninguém sabe explicar porquê… Claro que isto não é válido para tudo. Uma fotografia de casamento resulta melhor só com dois noivos 😀 Mas se repararem 3 árvores ficam melhor que 4 e 5 pessoas ficam melhor que 6…

Três girafas é sempre melhor que duas certo?

5 – Simetria e repetição de padrões: o nosso cérebro adora padrões e repetições.

Uma linha de árvores, uma cerca, uma fileira de azulejos. A repetição transmite calma e uma certa sensação hipnotizante. Mas a quebra desses padrões pode também passar uma mensagem poderosa. Um árvore ou uma flor com uma cor diferente das outras. Ou uma pessoa no meio do tal padrão repetitivo.

A repetição dos arcos dá o tal efeito padrão
O mesmo se passa com esta sequência de escadas.
Um elemento diferente no meio de um padrão repetitivo.

6 – Moldura: não uma moldura a sério, claro.

Mais uns ramos de árvore à volta do objeto, uma arcada de um edifício… o preenchimento das bordas da foto focam, uma vez mais, os olhos para o centro e muitas vezes contam uma história ao sugerir que há mais por trás do elemento principal da fotografia.

A moldura mais típica, um arco de um edifício.
A mesma ideia mas num país diferente.

7 – Perspetiva: é uma boa forma de dar escala a uma foto e serve também para exagerar ou diminuir o que se fotografa. Ando sempre de cabeça no ar à procura de perspetivas diferentes.

Perspectiva no seu estado mais puro.

Há muitas mais regras de composição mas diria que estas são as principais. Mas o mais importante, depois de as conhecer e praticar até serem uma segunda natureza, é lembrarem-se do Red dos pequeninos e aprender a quebrá-las.

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