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Kolmanskop, a cidade fantasma

Indíce do Artigo

Uma cidade fantasma não é algo que se encontre todos os dias. Mas no Sul da Namíbia, perto de Luderitz, existem algumas. A mais conhecida dessas cidades é Kolmanskop e foi para chegar a esse paraíso fotográfico, com dunas “a viver” dentro de casas, que conduzimos quase 1000Km até ao Sul do país.

A história da cidade começou como começam muitas das grandes histórias: um momento de sorte e alguém de braços abertos para a agarrar. Em 1908, numa altura em que a Namíbia ainda era uma colónia alemã, o trabalhador dos caminhos-de-ferro Zacharias Lewala, encontrou uma pedra brilhante na areia que estava a escavar numa estação perto de Kolmanskop.

O seu supervisor, mal a viu, sugeriu imediatamente que se tratava de um diamante. E tinha mesmo razão. As notícias espalharam-se como um rastilho de pólvora e imediatamente começaram a afluir alemães de todo o lado em busca do El Dorado.

A notícia, de tão inesperada, foi recebida com incredulidade na Cidade do Cabo… aquela zona tinha-lhes sido oferecida em 1885 e tinha sido educadamente recusada por se tratar de um, aparente, pedaço de nada, com tempestades de areia quase diárias e temperaturas infernais.

Note to self: nunca mas nunca recusar uma oferta.

E foi assim que, no meio do nada, surgiu uma cidade com casas elegantes de traçado alemão, lojas, escolas, teatro, uma orquestra, hospital e até uma piscina de água salgada.

Em 1915, Kolmanskop era uma das cidades mais ricas do mundo. Tão rica que foi o primeiro sítio nohemisfério sul a ter uma máquina de Raio-X. Um em cada cinco diamantes descobertos naquela época vinha de Kolmanskop e eram tantos e tão fáceis de encontrar que eram apanhados à mão para dentro de frascos de geleia vazios. Não admira que fosse conhecida como a cidade sentada em cima de diamantes…

Algumas casas já estão demasiado degradadas para entrar em segurança

Mas tudo tem um fim e, quando um novo e maior filão de diamantes foi descoberto mais a Sul, em Oranjemund, a cidade foi rapidamente votada ao abandono. Em 1956 as três últimas famílias deixaram Kolmanskop e as areias do deserto voltaram para reclamar o seu território.

As casas ainda estão de pé mas é claramente a natureza quem está no comando. Apesar de já se terem passado alguns anos desde que foi habitada ainda se sente um certo pudor ao entrar pelas casas, assim sem mais, sem pedir licença.

Quase como se as famílias que ali moravam tivessem ido tratar de uns assuntos e estivessem para regressar a qualquer momento, ainda a tempo de preparar o jantar. E nós ali, a deambular-lhes pela sala nesta inconfessa vulnerabilidade perante o efémero das coisas.

O edifício do antigo hospital é um dos mais interessantes e até dá para tomar banho de areia 🙂

Dicas:

– Há alguns anos a pequena cidade passou a estar acessível ao público. Não obstante tudo à volta de Kolmanskop pertença à zona de diamantes 1 e seja estritamente proibido sair da zona vedada à volta da cidade. É no entanto necessária autorização para entrar mas é muito fácil obtê-la à entrada da cidade das 8.00 às 13:00 por uma pequena quantia;

– Entre Aus e Kolmanskop, se tiverem a mesma sorte que tivemos, poderão ver os famosos cavalos selvagens do deserto. Para aumentar as possibilidades de os ver procurem um sinal na estrada que diz “Garub” e daí chegarão ao ponto onde os cavalos vão beber água.

– Para visitar Oranjemund, a cidade construída sobre diamantes que sucedeu a Kolmanskop, é necessário uma autorização emitida pelo Namdeb Security Department.

– Quem tiver algum tempo disponível tem ainda outra cidade fantasma para visitar mais a Sul, Elisabeth Bay.

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Mais sobre a Namíbia: O Sossusvlei

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